Thaís Teodoro

Seja bem vindo ao meu blog! Escrever é parte da história, é ser quem você é.

domingo, 23 de agosto de 2015


Quantas vezes eu não sonhei com a pessoa que eu era, com a que eu deveria ser e com aquela que me tornei? Cada dia mais eu percebo que cada uma dessas interferiu e interfere diretamente em quem eu busquei me tornar hoje. Sempre tive a mania de me doar demais, eu sempre fui aquela que não teve medo de levar a culpa por algo que não tinha feito pra livrar a dor do amiguinho, o que eu me arrependia logo após a primeira chinelada. Essa era a garota que eu era, que ia sendo moldada e transformada a cada castigo. Mesmo que não tomasse a atitude esperando algo em troca, as coisas que vinham como consquencia eram dolorosas e não faziam, para mim, o menor sentido.

Desde criança, quem é que não faz planos sobre o que vai ser quando crescer? Aquela idealização que nunca vamos chegar nem perto. É um dos nossos sonhos, que talvez nunca alcancemos, mas sempre vão estar lá, pra despertar algo que nos lembre o quanto é bom pensar em um mundo que talvez nunca exista, mas que em algum lugar você seja alguém completamente diferente. A pessoa que eu sempre quis ser tá longe de ser quem eu realmente sou. Aquela que eu idealizei um dia, nunca chegou a existir. Aquela parte em que decidi que não me fariam mais de boba, que eu não seria mais deixada para tras, foi só a primeira de muitas que já aconteceram e que provavelmente vão acontecer.

A que me tornei, bom, essa é complicada, cheia de manias bestas, interferências que nunca vão ser claras nem para mim. Me transformei numa pessoa cheia de bagagens, cheia de medos que nunca vão se dissipar. A pessoa que eu me tornei nunca consegue esquecer a que ela queria ser. Esse é um dos motivos pelo qual qualquer decisão que eu já tenha tomado se torna pesada demais. Me sinto sozinha quase todos os dias, e não é defeito falar sobre isso. Acho que todo mundo deveria escolher um tempo e se fechar para balanço. As vezes tomamos decisões sem saber o verdadeiro rumo que a nossa vida tá tomando, e isso, pode mudar a pessoa que queríamos ser para aquela que somos.

Me sinto sozinha porque prefiro ter a ideia do que passa comigo antes de abrir isso para o mundo, abrir para as pessoas que dizem estar comigo. Falar é muito fácil, qualquer um abre a boca pra dizer o quanto você é importante. Difícil são essas pessoas entenderem quando você precisa de alguém, nem que seja pra assistir seriado e jogar conversa fora. Eu tenho medo que as pessoas tenham encontrado uma versão de mim que não tem simpatia. Uma versão de mim que não consegue mais se enturmar. Eu tenho medo que as pessoas não tenham conhecido aquela pessoa que eu era, porque a que eu me tornei é muito chata e não convence ninguém de que preciso de companhia. Hoje eu só paro, observo as pessoa que sempre julgaram tomando seus caminhos, alguns apostando em direções que parecem certas e outros nem tanto, mas eles estão indo, enquanto eu só paro e observo. Me tornei telespectadora da minha história. Assisto ela de fora, sem coragem de criticar os autores, só esperando um final com chave de ouro que vem dos diretores.

Eu sou a minha própria ilha. Eu tenho as minhas próprias ideias e sigo os meus próprios medos. Talvez ninguém esteja preparado pra ancorar nas minhas praias e explorar todo o meu potencial, isso porque eles tem medo do que não conhecem e não sabem decifrar, e isso meu amigo, nem eu sei se um dia vou saber me entender. Só peço que eu consiga carregar a bagagem que eu sou, a ilha que me tornei e que não precise de colonizadores que só destruam o que restou. Só quero crer mais e me tornar uma pessoa mais doce. Afinal, não é porque não sou uma ilha que não posso me tornar a Fantastica Fábrica de Chocolate. Quem sabe sobre quem eu serei daqui dois dias? Nem você. Talvez nem eu. Talvez nem Ele.

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