Thaís Teodoro

Seja bem vindo ao meu blog! Escrever é parte da história, é ser quem você é.

domingo, 24 de maio de 2015

Ficar


Durante um bom tempo eu pensei que ficar sozinha talvez fosse a melhor opção que eu poderia escolher pra minha vida. Todo aquele histórico terrível, a desastrosa habilidade de não conseguir caminhar, de forma real, com alguém do meu lado, com alguém a quem precisasse dar satisfação. De repente as coisas mudam, a gente pensa que nunca vai precisar de ninguém pra ser feliz, que podemos ir ao cinema, sair pra comer, sair pra dançar, tudo isso sem precisar de ninguém. Mas até que ponto isso se torna uma verdade absoluta? Até que ponto isso não faz parte de um conto de fadas invertido que surgiu numa cabeça lotada de criatividade?

O mais engraçado é como aquela velha frase clichê de que a vida é uma roda gigante encaixa tão bem em alguns momentos. Incrível é como ficar sozinha agora já não parece fazer tanto sentido como antes. Sabe quando a gente escuta aquele conselho dos mais velhos que diz que tudo na vida tem uma fase? Só agora aprendi o valor de ouvir isso. Realmente, a vida é feita de fases. Aos poucos, vivendo de erros e acertos, a gente aprende que quem faz cada momento que a gente quer viver são as nossas escolhas. O modo como a gente encara as decisões e toma elas é quem define quem fica e quem vai.

Amadurecer talvez não é se tornar um chato quadrado e careta. Quando encarei o espelho e admiti que amadureci, que cheguei a conclusão de que coisas que me eram ditas foram certas e saber como delimitar dentro da minha vida o que fazer, ou não, é que percebi a real necessidade da fase em que estou. Uma das coisas que eu mais desejei na minha vida foi que me tornasse uma pessoa fria. Hoje tenho medo da pessoa que eu me tornei, não sei até que ponto a frieza me fez e o quanto ela pode mudar a essência da base que eu tenho.

Outra coisa boba que interfere completamente em como a gente vê o jeito que é, é o nosso orgulho. Caramba, como o orgulho nos molda de uma maneira diferente do que somos. E isso não quer dizer que seja uma coisa boa, e muito menos que seja uma coisa ruim. Amadurecer pra certos assuntos e permanecer inalterado em outras, talvez tenha sido a melhor escolha que eu fiz, ainda é cedo pra saber em qual fase a vida está. Uma das únicas coisas que tenho certeza, por hora, é de que aquele pensamento de que caminhar sozinha era mais fácil, talvez não seja mais o que permanece.

Durante muito tempo eu tive medo de tomar decisões e isso mudou a forma como tudo tem sido, mas hoje eu percebi que esse tempo me fez bem, e que hoje ele é nada mais do que passado. É tempo de fazer escolhas, tempo de se conhecer. É tempo de assumir que nunca vou conseguir ser uma pessoa totalmente fria, é tempo de assumir que não consigo viver sozinha, e espero que nunca consiga. Me tornando mais velha, me tornei mais criança, mais medrosa, mais um pouco de mim, do que sempre fui debaixo das camadas. Debaixo do orgulho e da vontade de não pertencer a alguém. Hoje, choro atoa, me apaixono por mocinhos de filmes de drama. E o mais engraçado é que mesmo não querendo, hoje eu odeio ficar sozinha, imploro por atenção e preciso sempre de alguém caminhando comigo. E por pior que pareça, não me condeno por isso, por que é uma fase, logo passa e se não passar é mais aprendizado, e é parte de quem sou, é parte da minha decisão de ficar.