Thaís Teodoro

Seja bem vindo ao meu blog! Escrever é parte da história, é ser quem você é.

domingo, 30 de agosto de 2015

Os "inhos" da Vida


Você acha que é indispensável. Todo mundo acha que é. Ninguém é na verdade. Tudo que pode ser feito por você, pode ser aprendido e feito por outra pessoa. Fui dura? Aprenda, as coisas serão assim de agora para frente. Quando a gente é pequeno sempre escuta as pessoas suavizando tudo que acontece com a gente, “foi só um machucadinho” eles dizem, colocam um inho pra que você não dê importância a mais um “machucadinho”. Nos fazem sentir maiores e grandes diante de tudo. E realmente somos. E sabe porque? Porque acreditamos nisso. Não questionamos, não vamos atrás. Somos grandes pois acreditamos ser grandes. E essa é uma lição que deveria ser levada adiante, pena que essa magia acaba.

Um tempo depois começamos a ver, e a ouvir, que não temos machucadinhos, que não sentimos dorzinhas. Elas passam, depois de um tempo, a serem dores, a serem machucados. Nem um pouco suaves, machucam, doem e a gente deve agora sentir a dor e tentar entender porque. Antes um beijinho era remédio, hoje até o merthiolate que não arde doi. Sabe porque tudo muda assim? Porque paramos de acreditar que somos grandes. Começamos a questionar se o que fazia de nós fantásticos ainda existe. E por incrível que pareça, muitas vezes, a resposta é não. Perdemos a mágica de sermos incríveis por simplesmente sermos. Queremos ser sensacionais para os outros e esquecemos que devemos ser antes a pessoa mais maravilhosa pra nós mesmos. Deveriam nos ensinar que a magia de nos considerar grande não deveria acabar. Devemos ser grandes, porque queremos ser, e não porque alguém acha que é preciso um motivo.

Só seremos indispensáveis quando fizermos tudo o que queremos com a cabeça somente no nosso amor. É isso que nos move. É isso que fazia com que os inhos controlassem a nossa dor. Havia amor quando era dito que aquela dorzinha ia passar. Éramos indispensáveis porque acreditávamos nisso. É uma magia se considerar incrível, e ninguém deveria perder isso. É por achar que sou incrível, que sou foda que vou atrás do que eu quero e sinto que sou ainda melhor do que eu pensava. Que eu sou indispensável, talvez não pra você, não pra ele, mas que sou indispensável pra mim mesma. Que quando olhar no espelho vou ver a pessoa que eu nunca poderei dispensar, afinal, ela é incrível.

domingo, 23 de agosto de 2015


Quantas vezes eu não sonhei com a pessoa que eu era, com a que eu deveria ser e com aquela que me tornei? Cada dia mais eu percebo que cada uma dessas interferiu e interfere diretamente em quem eu busquei me tornar hoje. Sempre tive a mania de me doar demais, eu sempre fui aquela que não teve medo de levar a culpa por algo que não tinha feito pra livrar a dor do amiguinho, o que eu me arrependia logo após a primeira chinelada. Essa era a garota que eu era, que ia sendo moldada e transformada a cada castigo. Mesmo que não tomasse a atitude esperando algo em troca, as coisas que vinham como consquencia eram dolorosas e não faziam, para mim, o menor sentido.

Desde criança, quem é que não faz planos sobre o que vai ser quando crescer? Aquela idealização que nunca vamos chegar nem perto. É um dos nossos sonhos, que talvez nunca alcancemos, mas sempre vão estar lá, pra despertar algo que nos lembre o quanto é bom pensar em um mundo que talvez nunca exista, mas que em algum lugar você seja alguém completamente diferente. A pessoa que eu sempre quis ser tá longe de ser quem eu realmente sou. Aquela que eu idealizei um dia, nunca chegou a existir. Aquela parte em que decidi que não me fariam mais de boba, que eu não seria mais deixada para tras, foi só a primeira de muitas que já aconteceram e que provavelmente vão acontecer.

A que me tornei, bom, essa é complicada, cheia de manias bestas, interferências que nunca vão ser claras nem para mim. Me transformei numa pessoa cheia de bagagens, cheia de medos que nunca vão se dissipar. A pessoa que eu me tornei nunca consegue esquecer a que ela queria ser. Esse é um dos motivos pelo qual qualquer decisão que eu já tenha tomado se torna pesada demais. Me sinto sozinha quase todos os dias, e não é defeito falar sobre isso. Acho que todo mundo deveria escolher um tempo e se fechar para balanço. As vezes tomamos decisões sem saber o verdadeiro rumo que a nossa vida tá tomando, e isso, pode mudar a pessoa que queríamos ser para aquela que somos.

Me sinto sozinha porque prefiro ter a ideia do que passa comigo antes de abrir isso para o mundo, abrir para as pessoas que dizem estar comigo. Falar é muito fácil, qualquer um abre a boca pra dizer o quanto você é importante. Difícil são essas pessoas entenderem quando você precisa de alguém, nem que seja pra assistir seriado e jogar conversa fora. Eu tenho medo que as pessoas tenham encontrado uma versão de mim que não tem simpatia. Uma versão de mim que não consegue mais se enturmar. Eu tenho medo que as pessoas não tenham conhecido aquela pessoa que eu era, porque a que eu me tornei é muito chata e não convence ninguém de que preciso de companhia. Hoje eu só paro, observo as pessoa que sempre julgaram tomando seus caminhos, alguns apostando em direções que parecem certas e outros nem tanto, mas eles estão indo, enquanto eu só paro e observo. Me tornei telespectadora da minha história. Assisto ela de fora, sem coragem de criticar os autores, só esperando um final com chave de ouro que vem dos diretores.

Eu sou a minha própria ilha. Eu tenho as minhas próprias ideias e sigo os meus próprios medos. Talvez ninguém esteja preparado pra ancorar nas minhas praias e explorar todo o meu potencial, isso porque eles tem medo do que não conhecem e não sabem decifrar, e isso meu amigo, nem eu sei se um dia vou saber me entender. Só peço que eu consiga carregar a bagagem que eu sou, a ilha que me tornei e que não precise de colonizadores que só destruam o que restou. Só quero crer mais e me tornar uma pessoa mais doce. Afinal, não é porque não sou uma ilha que não posso me tornar a Fantastica Fábrica de Chocolate. Quem sabe sobre quem eu serei daqui dois dias? Nem você. Talvez nem eu. Talvez nem Ele.